Sou novo no fórum. Espero que não se incomodem com esse acréscimo.
Li o tópico todo e pensei que teria algo a acrescentar, um ponto de vista um pouco diferente do que foi falado e que não entra em conflito com nada o que foi dito, apenas apresenta um novo caminho.
Já tive um contato com a área dos vinhos, de sommelier a lojas e produtores.
Ficava tentando entender, por que o mercado do vinho era meio modesto, no Brasil.
Perdemos em consumo per capita, pra nossos vizinhos, como a Argentina...
Descobri, que em algum momento de nossa história, produtores e influenciadores resolveram que o vinho deveria ser um ítem especial, que acompanharia a alta gastronomia.
Disso, o vinho que em outros países é taxado (e tratado) como alimento, aqui vira uma bebida elitista, de oportunidade de gente esnobe se mostrar, dizendo ser conhecedor de determinados lotes apenas por cheirar a rolha. (é sério)
Fiquei refletindo sobre a cerveja e como, de uns anos pra cá, vi aqui na cidade, uma mudança relevante no mercado, historicamente controlado pela Ambev.
Em Belo Horizonte, onde moro, tivemos a uns 5 anos (antes da pandemia) um evento cervejeiro que tomou proporções bem interessantes, o Experimente.
Era uma feira em uma cidade vizinha, que é conhecida por abrigar a maior parte das cervejarias artesanais da região.
Krug, Kud, Falke, Backer e outras tantas cervejarias apresentavam, mensalmente, suas cervejas.
O evento ainda contava com cervejarias convidadas, normalmente pequenas, que faziam uma participação de reconhecimento.
Eu não conhecia muito de cerveja até então, foi nesse evento, que desenvolvi conhecimento e paladar.
(e o nome não era atoa, você conseguia, por toda a feira, experimentar provinhas gratuitas de todas as cervejas)
Sou grato por ter frequentado, praticamente todo mês, por anos.
Esse levante de cervejarias artesanais na cidade trouxe mudanças.
Sou muito feliz em dizer que temos uma quantidade invejável de bares especializados em cervejas, com dúzias ou dezenas de biqueiras pra vc experimentar dos mais variados estilos.
Pouco tempo atrás, 2 redes de supermercados ofereciam espaços a cervejarias montarem suas "growlerias", e q permitia o consumidor fazer sua compra do mês e voltar pra casa com alguns growlers fresquinhos. rs
Eu não tenho pesquisas a apresentar, só minha experiência.
Mas isso tudo fez com que o mercado cervejeiro "educasse o paladar". E não falo 'educar' num sentido arrogante, mas numa idéia que começa a entender mais o que bebe e procurar por isso, fazendo com q o mercado mudasse como um todo.
Ambeve continua ai, claro.
Mas agora eu consigo, facilmente, comprar um chopp artesanal, ou uma garrafa bacana em praticamente qualquer estabelecimento da cidade, do restaurante francês ao boteco copo sujo do centro. E eu não estou exagerando...
Enfim, só queria acrescentar isso.
O mercado cervejeiro conseguiu em poucos anos o que o vinho não fez a décadas, apresentar ao consumidor tudo de bom que existe por ai, e o conhecimento que ele pode efetivamente escolher o que vai beber.
Da cervejinha "canela de pedreiro", a uma double ipa com cravo e pimenta branca.
Eu não sei de vocês, mas pelo menos em BH, é muito bom ser bebedor de cerveja.
Um forte abraço a todos.
Ps. Antes da pandemia já haviam 3 ou 4 feiras gastronômicas mensais pela cidade, todas repletas de cervejarias artesanais.